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07/06/2015 11:47

Em uma pequena comunidade localizada em algum lugar nas montanhas entre os EUA e o Canadá, várias pessoas começam a reaparecer, em carne e osso, após alguns anos de suas mortes. Elas não envelhereceram nenhum dia, tampouco se lembram que morreram e voltam para os seus lares e famílias como se nada tivesse ocorrido: a adolescente Camille Winship é a única a retornar dos mortos após quatro anos de um acidente com o ônibus escolar transportava ela e sua turma; Simon Moran, um jovem músico, reaparece procurando sua noiva anos após ter cometido suicídio; Adam Darrow, um psicopata também retorna ao lar para assombrar o seu irmão Tony; Helen Goddard, a mais velha desse grupo, morta durante o rompimento de uma grande barragem, também é outra que volta para "assombrar" o marido. Aparentemente, não há nenhum elo entre elas, cada uma com sua história diferente, tentam retornar às suas famílias e a sua rotina como se não houvesse passado um dia de suas mortes. O caso mais bizarro (como se os outros não fossem), é o de Victor, uma criança que parece perdida, sem lar ou família e acaba abrigado por Julie, uma médica marcada pelo ataque de um maníaco assassino. Assim começa The Returned, série disponível pelo Netflix, desde meados de março de 2015. O grande mistério por trás dos acontecimentos misteriosos é revelado aos poucos nos dez episódios da primeira temporada, cada um focado em uma história: 1. Camille; 2. Simon; 3. Julie; 4. Victor; 5. Tony e Adam; 6. Lucy; 7. Rowan;  8. Claire; 9. Helen e 10 Peter.


Vale a pena assistir? Se você gosta de mistérios e dramas familiares, com certeza vai gostar de The Returned. Não espere um ritmo alucinante ou assustador, pois a produção paira mais no drama com tons fortes de sobrenatural. Por ser situado em uma comunidade isolada nas montanhas, o clima lembra muito Twin Peaks. Isso não quer dizer que estou comparando as duas séries, mas aquele ar de cidade pacata que esconde mistérios sob um verniz de normalidade é muito similar. Gostei muito da primeira temporada e estou animado pela segunda.

The Returned tem entre os seus produtores, Carlton Cuse, um dos roteiristas de Lost – sim, eu fiquei desconfiado do que estava por vir, após o final decepcionante da série, deixando vários mistérios sem explicação, contudo, a série tem pedigree, quer dizer, The Returned é a versão americana de Les Revenants (2012), série francesa gravada nos alpes. Não vi ainda a produção original para comparar, aliás, não sei se é prudente, pois posso me decepcionar com uma das duas, mas a curiosidade é grande, praticamente irresistível e trazer as novidades para cá é importante, então vou fazer esse sacrifício ;)

 

 

05/06/2015 13:51

Em tempos de mi-mi-mi, com pessoas boicotando comerciais de TVs e novelas, fico imaginando qual seria a reação se Penny Dreadful fosse exibido na TV aberta? Aldeões e a plebe com foices, tridentes e tochas na mão é a primeira imagem que me vem à mente. "Above the Vaulted Sky", o 5º episódio da 2ª Temporada da série (o Netflix acaba de disponibilizar a primeira – pare tudo e vá assistir agora), os redatores capricharam nas cenas apimentadas de sexo em que quase todos os principais personagens liberam seus desejos e liberam geral. Não é, definitivamente, para as pessoas de coração e mente fraca. Continuo recomendando a série e também o episódio. Liberdade de criação é importante. Parem de mi-mi-mi, hipocrisias e passem a ler livros em vez de colori-los.

 

21/04/2015 14:34


Adulto, denso, sangrento e empolgante. Ainda sob os efeitos da imersão que acabo de fazer na série, posso começar dizendo que O Demolidor (Daredevil, 2015) é uma das melhores produções que vi no ano de 2015 até o momento. 

Se você não assistiu a versão para o cinema  – Demolidor - O Homem Sem Medo (Daredevil, 2003), estrelado por Ben Affleck, nem perca o seu tempo. Não há comparação entre essa versão e a da Netflix que não teme mostrar o bairro Hell's Kitchen (a Cozinha do Diabo) e os personagens de forma crua e realista. Caso não goste de super-heróis, também não é preciso temer essa série, pois o personagem Matt Murdock, apesar dos sentidos apuradíssimos, decorrentes de um acidente com produtos químicos na infância, é muito mais um justiceiro, um personagem crível e real do que os mitológicos Superman, Thor ou Capitão América. Diferentemente da série de filmes Os Vingadores, que defendem o mundo de ameaças grandiosas que ameaçam "o mundo livre", o protagonista mascarado dessa produção encara desafios mais tangíveis – mafiosos locais, traficantes, malfeitores… enfim, tudo que acontece no bairro e nas vizinhanças de Nova York ou "minha cidade", como diz Matt Murdock. Como já foi dito, as lutas sangrentas, cortes, as fraturas expostas e muita birita (com personagens predominantemente irlandeses esse item não poderia falta) aqui foram liberadas e, pelos padrões norte-americanos, significa elevar automaticamente a recomendação indicativa para 18 anos, alta para os padrões brasileiros. Eu recomendaria para adolescentes a partir de 15-16, pois não há cenas de sexo ou nudez, porém, de fato a violência de algumas cenas pode causar estranheza aos mais acostumados ao escotismo de Superman e Homem-Aranha.

Heróis e vilões: como diz o advogado Matt Murdock (Charlie Cox) em uma cena no tribunal, a linha que divide os limites entre o bem e o mal nem sempre é nítida, às vezes pode ser bem borrada e esse borão é um dos grandes trunfos de O Demolidor.  Protagonista e antagonista vivem complexos conflitos internos. Matt Murdock tenta salvar a cidade dos caras maus, parte do tempo em seu escritório de advocacia, nas horas vagas, como justiceiro,  deixando de lado as leis e atuando como polícia e juiz. Sua única regra é não matar. O principal vilão dessa temporada é o Rei do Crime, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio – fantástico no papel), o solitário milionário, elegante, metódico e psicopata, atua nas sombras, comandando um sindicato criminoso composto pelas máfias japonesa, russa, e chinesa, além de corromper policiais, juízes e políticos (lembra algo?).  Fisk julga está fazendo o melhor por sua cidade.  Para completar o elenco principal há ainda o sócio e melhor amigo de Matt, Foggy Nelson (Elden Henson),  a secretária Karen Page (Deborah Ann Woll),  e o obstinado repórter Ben Urich (Vondi Curtis-Hall – Chicago Hope, Plantão Médico). Fora do núcleo principal ainda merecem destaque os personagens Wesley (Toby Leonard Moore), o número dois de Fisk e Madame Gao (Wai Ching Ho), a misteriosa líder da máfia chinesa.

Ação!: quem gosta de cenas combate – marciais, de rua ou MMA, também não vai se decepcionar. As lutas são muito bem coreografadas e isso não quer dizer pareçam falsas – na verdade são violentas e bem realizadas. Além disso é agradável ver um herói que sangra e se machuca até a exaustão. Isso o humaniza e o aproxima da audiência, aumentando a empatia. 

Bastidores: A série foi filmada em um pequeno estúdio em Greenpoint, no Brooklin, uma área de galpões muito apropriada para a trama. Drew Goddard, criador da série, teve de deixar o projeto após o segundo episódio para embarcar em Sexteto Sinistro, da Sony e para o seu lugar chegou Steven S. DeKnight (Spartacus) – felizmente não se nota a diferença de comando e o voo da produção permanece suave. Na série há leve citações a outros personagens da Marvel como Thor ou Capitão América e também nos planos de reconstrução da cidade, devido a toda destruição que ocorreu no filme dos Vingadores. A ideia dos produtores é aproveitar mais alguns personagens menores da Marvel e criar mais quatro séries nesse mesmo estilo para a Netflix: Luke Cage, Punho de Ferro e Jessica Jones e, mais tarde unir todos eles em uma espécie de Vingadores "local",  que se chamará Os Defensores

Novidade: Além das legendas e áudio em vários idiomas - português, aleãmão, espanhol, francês, inglês, nos EUA, graças a reivindicações de ativistas como o jornalista cego Robert Kingett, O Demolidor, também ganhou o recurso de áudiodescrição. Assim, os deficientes visuais também poderão acompanhar os 13 episódios da série com narração dos acontecimentos de cada cena. Muito bem-vindo esse recurso para a TV. Agora é aguardar a novidade chegar ao Brasil.

Episódios da 1a. Temporada: 1. No círculo; 2. Fio da navalha; 3. Camuflagem; 4. Está no sangue; 5. Em chamas; 6. Condenado; 7. Bastão; 8. Sombras com reflexo; 9. E por falar no Diabo…; 10. Nelson X Murdock; 11. O caminho dos bons; 12. Pelos que ficam; 13. Demolidor.

 

 

18/04/2015 12:16

A Fox-Sony acaba de lançar em Blu-ray e DVD a 1a. Temporada da série escrita e dirigida por Guillermo Del Toro, em parceria com Chuck Hogan e, tem como produtor Carlton Cuse (Lost).  A produção de TV exibida pelo FX é uma adaptação da série literária Trilogia da Escuridão (Editora Rocco). 

Preciso começar dizer que estou começando a ficar saturado com séries de contaminações que transformam as pessoas em zumbis, monstros, vampiros, entre outras criaturas diabólicas… Talvez sejam as maratonas que tenho feito com Walking Dead (muito boa), Zumbi Nation (razoável, confira o post feito há alguns dias). Disto isso, a grife Guillermo Del Toro, mexicano responsável pelo belo O Labirinto do Fauno, me fez dar uma chance à série. Então, vamos a resenha de The Strain.

História: O epidemiologista Dr. Ephraim Goodweather (Corey Stoll – o candidato a governador apoiado por Frank Underwood em House of Cards), chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) interdita um voo que acaba de chegar em Nova York, vindo da Alemanha e, logo após pousar, verifica-se que exceto quatro passageiros, todos as outras mais de 200 almas à bordo estão mortas. O Dr. "Eph" e sua assistente a Dra. Nora Martinez (Mia Maestro – Alias), travam uma batalha legal para manter em quarentena esses quatro sobreviventes. Porém, nos bastidores, pessoas poderosas como o bilionário Eldritch Palmer (Jonathan Hyde) e o misterioso alemão Thomas Eichhorst (Richard Sammel) estão se movimentando para impedir qualquer ação que impeça seus planos obscuros, inclusive a liberação de uma estranha caixa de madeira que contém, ora vejam, somente terra. Com as estranhas notícias do voo divulgadas pela mídia, aparece no aeroporto o Professor Abraham Setrakian, judeu-armênio sobrevivente do holocausto, que sugere que os corpos dos mortos devem ser queimados e os quatro sobreviventes, mortos.

Ora, se até aqui, por algum motivo, você não entendeu que se trata de uma ficção de vampiros moderna, é porque o texto não foi suficientemente claro.  A produção poderia ser definida como uma mistura entre Nosferatu e A Experiência (Species, 1995). Caso goste de histórias assim, vale assistir a The Strain.  Como não poderia deixar de ser, o clima da série é tenso, porém tem boas pitadas de humor que ajudam a quebrar a tensão,  mas também há muitas vísceras –nada que alguém que acompanhe séries de zumbi já não esteja acostumado.  

 

 Com um primeiro capítulo arrebatador, a série tinha tudo para ser mais do que realmente foi na primeira temporada. Confesso que não li e não conhecia a série de livros que originou a série. Porém, absurdos e clichês parecem desfilar no decorrer dos episódios e a produção perde o ineditismo. Por exemplo, duzentos passageiros morrem em um voo, mas só aparece um pai chorando pela filha. E os outros? Não tinham parentes para lamentar por eles? Todos vão para o necrotério, os corpos somem e não há uma explicação mais convincente do que dizer que o Exército sumiu com os corpos? São tantas incongruências que chega um ponto em que é melhor desligar o cérebro e apenas curtir a série.  O que ajuda a manter o interesse é o aparecimento de uma estranha organização formada por vampiros que caçam vampiros, tentando acabar com os planos do Mestre, o vampiro-chefe pelo rompimento de um antigo pacto entre eles e a raça humana. 

Na atuação, meu destaque vai para David Bradley (Game of Thrones e Harry Potter), ótimo no papel de Abraham Setrakian e Mía Maestro (Nora Martinez). A produção conta ainda com Sean Astin (Trilogia O Senhor dos Anéis), Kevin Durand (Lost) – ótimo no papel de um exterminador de ratos que se junta ao time de caçadores de vampiros (boas tiradas de humor são de seu personagem), Miguel Gómez (Gus) e a bela inglesa Ruta Gedmintas (Dutch Velders) de Lip Service

Episódios da primeira temporada: Noite Absoluta; A Caixa; Vá Devagar; Não é Para Todos; Fugitivos; Ocultação; Serviços Prestados; Criaturas Da Noite; A Desaparecida; Entes Queridos; À Caça do Mestre; Ritos Finais; O Mestre.

Preço: R$ 99,90 (DVD, 4 discos) ou R$ 119,90 (Blu-ray, 3 discos).

29/03/2015 11:23

Zumbis são mesmo uma praga eminente? A julgar pela quantidade de produções na TV e no cinema sobre o tema, eu não tenho mais dúvidas. Eles já estão entre nós. Há filmes e séries para todos os gostos, particularmente, prefiro as mais dramáticas como Walking Dead, mas existem também as de viés mais cômico – esse é o caso de Z Nation (2014, Netflix). Mas não se engane quando digo cômico, é apenas na comparação com Walking Dead. Para os que gostam das matanças das mais diferentes formas, não sentirá falta disso em Z Nation. Um dos diferenciais da série é mostrar que a cura para a praga zumbi pode estar próxima. 

História - Lugar-comum em todas as histórias sobre o tema, um grupo de pessoas tenta sobreviver após 3 anos do início do apocalipse zumbi. Desta vez, no entanto, há alguém que sobreviveu à infecção pelo vírus e em seu sangue pode estar a cura e a esperança da humanidade. Murphy (Keith Allan) é o prisioneiro que foi "voluntário" para testar a vacina, porém, o que o resto do grupo que tenta escoltá-lo de Nova York até o centro de pesquisas em Los Angeles, não sabe que ele sobreviveu ao vírus, mas está se transformando aos poucos. Isso rende bons momentos a velha história de sobrevivência pós-apocalíptica. Um ponto negativo é o agente da NSA, Cidadão Z, interpretado por DJ Qualls (Breaking Bad, Big Bang Theory). Último sobrevivente de uma base no Polo Norte, Cidadão Z consegue ter superpoderes de vigilância, afinal, a NSA pode tudo certo? E de onde vem a energia elétrica para todas as câmeras e redes de servidores aos quais ele tem acesso? Pelo jeito os produtores não dão à mínima para isso. Outro ponto interessante: os diálogos falam o tempo todo da fome dos zumbis por cérebro, mas não se vê em nenhum momento os mortos-vivos atacando essa parte do corpo. Estou sendo chato?

Z Nation é uma série menor, provavelmente não marcará sua vida, mas servirá para amenizar o hiato das produções melhores. Desligue o cérebro e assista por sua conta e risco.

Criação: Craig Engler, Karl Schaefer | Onde ver: Netflix, Scy-Fi | Site oficial: https://www.syfy.com/znation

07/02/2015 16:24

The Americans - Resenha

 

Estados Unidos, anos 1980. A Guerra Fria está em pleno auge com Ronald Reagan e os falcões do partido Republicano alimentam uma escalada armamentista contra os seus inimigos favoritos, a União Soviética. Em meio a isso estão Elizabeth e Phillip Jennings, dois espiões russos infiltrados na América desde o final dos anos 1960. Junto com seus filhos, Paige e Henry, nascidos nos EUA, eles vivem o cotidiano de um típica família de classe média americana como proprietários de uma agência de viagens. Espiões extremamente bem treinados, o casal aguarda as ordens de Moscou para entrar em ação em missões que envolvem a obtenção de informações por todos os meios possíveis, incluindo sedução, sequestros e assassinatos. 

Para apimentar a história, Stan Beeman, agente do departamento de contraespionagem do FBI, um dos responsáveis pela busca de espiões em território americano, muda-se com a família para a casa em frente a dos Jennings, causando uma tensão e paranóia de todos os lados. 

 

Como recheio desse bolo, a produção mostra o cotidiano da família Jennings, com foco principal no relacionamento entre Elizabeth (Keri Russell - Felicity, Scrubs) e Phillip. Como um casal de fachada, eles aprenderam a conviver bem. Phillip, no entanto aprendeu a amar Elizabeth e é mais aberto ao estilo de vida americana, flertando inclusive com a traição a União Soviética. Já Elizabeth é o estereótipo da oficial russa – extremamente patriota, fria e calculista quando necessário. Ela aprendeu a conviver com Phillip, mas tem dúvidas em relação aos seus sentimentos por ele e, principalmente quanto ao patriotismo do marido.  

 

A série, de temática adulta, mostra o jogo de gato e rato em pleno território americano, retratando como poucas vezes se viu, os bastidores do mundo dos espiões, com muita tensão, disfarces, dissimulações e seduções de todo o tipo. Esqueça a internet, telefones celulares, câmeras fotográficas avançadas e todo tipo de dispositivo moderno. Com os anos 1980 como pano de fundo e a tensão dos anos Reagan, a espionagem aqui é feita pelas modernidades da época – contatos telefônicos, mensagens em banco de praça, perucas, bigodes e óculos como principal meio de disfarce, tudo isso regado ao som de Phil Collins, Fleetwood Mac e outras bandas.

 

Avaliação: Ótima

Pontos altos: ótima trama de espionagem; temática adulta. A série tem uma pesquisa tão fidedigna que os episódios precisam ser submetidos a alguns órgãos do FBI para não revelar táticas ainda em uso.

Pontos baixos: poderiam ter usado outros atores para interpretar Elizabeth e Phillip quando jovens na União Soviética. O rejuvenescimento dos personagens não é convincente, porém, isso é apenas um detalhe. 

Produção: FX

Onde assistir: Netflix

Criação: Joseph Weisberg

Temporadas: 2 temporadas completas; 3a. temporada em andamento.

Elenco

Elizabeth: (Keri Russell – Felicity, Scrubs)

Phillip: (Matthew Rhys – Brothers & Sisters)

Stan: Noah Emmerich (Monk, White Collar - Crimes do Colarinho Branco, O Show de Truman)

01/02/2015 18:16

 

Psicose (Psycho, 1960), a obra-prima de Alfred Hitchcock dispensa apresentações, porém, a série Bates Motel (2013), baseada no clássico, merece uma bela introdução, então vamos a ela.

Primeiro é bom esclarecer, a série não é exatamente um prequel ou seja, uma história que se passa antes dos eventos do filme, na verdade, o criador da série, Anthony Cipriano, aproveitou a estrutura principal, a mãe Norma Bates, seu filho Norman e o motel, que praticamente é um personagem da trama, e preencheu os espaços, criando toda uma nova história. Felizmente, o resultado é muito excelente, pelo menos até aqui.

 

História

Após a morte do marido, Norma Bates (Vera Farmiga), compra um motel decadente em outra cidade e se muda para lá com o filho Norman (Freddie Highmore). A encrenca começa quando Keith, o antigo proprietário do imóvel, resolve tomar de volta o que perdeu na justiça. Como pivô da história, Keith desencadeará o drama familiar. Além disso os outros personagens e histórias vão sendo apresentadas e o público descobre que a aparente pacífica cidade tem muito a esconder sob sua superfície.

 

Trazida para os dias atuais, a trama se concentra na relação muito próxima entre mãe e filho, mas algumas pinceladas da personalidade doentia de Norman, no momento um jovem de 17 anos, vão sendo mostradas aos poucos em cada episódio e o resultado é bem interessante. 

 

No primeiro momento, fiquei um pouco incomodado por terem atualizado a trama para os dias atuais, mas após alguns minutos do primeiro episódio eu já tinha superado esse preconceito. Afinal, a decisão da produção é compreensível – os custos seriam maiores e talvez não atingisse um a público maior. Interessante notar que todo o universo da série é moderno, mas a residência dos Bates, assim como o motel e o figurino dos Bates parece aprisionado na década de 1950.

 

Minha opinião? Mexer com filmes clássicos é algo arriscado, mas, quando bem feito, vale a pena ser visto. É o caso de Fargo e agora, Bates Motel. Assista!

 

Por que? O elenco foi muito bem escalado. Vera Farmiga (Os Infiltrados e Amor sem Escalas) está ótima no papel de Norma. Freddie Highmore (Em Busca da Terra do Nunca e As Crônicas de Spiderwick), pois é, o garotinho cresceu e está perfeito no papel de Norman.

26/01/2015 23:25

Uma das coisas mais bacanas, para mim, de assistir séries é reencontrar, em atrações que acompanho agora, atrizes e atores que conheci em outros papéis. Como o Netflix é uma das melhores coisas que aconteceu nos últimos tempos para quem gosta de verdade de tv, a oportunidade de assistir direitinho seriados que já terminaram, tem sido ele o responsável por me dar esse tipo de surpresa.

E qual não foi meu enorme sorriso (sincero, diria o Dr. Lightman) ao reencontrar, ANOS depois, a eterna Laura Palmer em um episódio de "Lie to Me"? É ela mesma: Sheryl Lee, a mocinha que começou a carreira morta num saco plástico, boiando em "Twin Peaks". Uma senhora de quase 50 agora, Lee passou por problemas de saúde e não deu muito as caras nos últimos anos, mas eis que embarcou no sensacional seriado do especialista em identificar mentiras. 

Em "Bullet Bump", 17o episódio do segundo ano, Lee foi a esposa de um candidato a governador. 

E aí? O fogo ainda anda com ela? 

25/01/2015 11:23

Com uma premissa que tinha muito para não me agradar, preciso admitir que Penny Dreadful conseguiu me fisgar. Fico muito feliz em admitir que estava enganado. O problema é que ao ler sobre a proposta da série, que reune personagens fictícios de diferentes autores que engloba desde o Doutor Frankenstein, Dorian Gray, vampiros, exploradores, exorcismos e assassinos seriais… humm, não me cheirava bem. Logo lembrei do filme A Liga Extraordinária (2003), que reunia Allan Quatermain, o Dr. Jeckyll/Hyde, Tom Sawyer, Capitão Nemo, enfim, apesar de baseado em uma história de Alan Moore, na minha opinião, o filme foi bem sofrível. Felizmente, a série é uma grata surpresa.

 

A história

Londres, 1891. Sir Malcolm Murray (Timothy Dalton), procura resgatar sua filha, Mina, sequestrada por vampiros. Para isso conta com ajuda de seu criado Sembene (Danny Sapani) e da médium Vanessa Ives (Eva Green), amiga de infância de sua filha. Uma missão difícil exige ajudantes com qualidades especiais, por isso, durante a série outros ajudantes vão sendo recrutados e agregados ao time, é o caso de Ethan Chandler (Josh Hartnett), um exímio atirador americano que se apresenta em um circo ao estilo Buffalo Bill e do Dr. Frankenstein, que ajuda nas autopsias dos vampiros. Juntos, eles tem a difícil missão de resgate de Mina da influência dos vampiros, enfrentando todo tipo de criatura sobrenatural. Em comum, os personagens tem a Londres vitoriana da última década do século 19, o cenário ideal para fisgar os aficionados pela onda steampunk.

 

Embora algumas cenas sejam, de fato, arrepiantes ou sangrentas, a série não chega muito assustadora. O apelo do show, porém, é o um clima da Londres vitoriana, dos tempos de Jack, o estripador, onde a tuberculose ainda era uma doença fatal e a atmosfera sombria e naturalmente fascinante, onde o perigo pode estar em cada beco escuro. Como a série é adulta, a trama pode incluir (e faz isso muito bem) romances mais tórridos, o que os produtores exploram na dose certa. Nesse caso, a escalação de atores com poder de sedução foi muito feliz, afinal Eva Green é uma das atrizes mais belas e sedutoras do momento.

  

Os principais protagonistas, Sir Malcolm e Vanessa também contribuem muito para o bom desempenho e desenrolar da história. A vida pregressa de ambos vai sendo explicada no decorrer da temporada e não cabe aqui dar spoilers sobre isso, mas vale a pena destacar as atuações de Timothy Dalton e Eva Green, ambos ótimos em seus papéis.

 

A trama é bem amarrada, integrando bem os demais personagens famosos como o Dr. Frankenstein, sua criatura e o Dr. Van Helsing. Até mesmo o personagen Ethan Chandler, incorporado claramente para agradar e atrair o público norte-americano, consegue entreter de forma interessante. A exceção, até o momento, fica por conta de Dorian Gray (Reeve Carney), que parece estar deslocado na trama, porém não chega a incomodar. 

 

Enfim, se você gosta de séries de mistério, vale a pena conferir Penny Dreadful, uma série criada por John Logan, reconhecido por roteiros de vários filmes excelentes como Gladiador, A Invenção de Hugo Cabret, Sweeney Todd, o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet entre outros. A produção é binacional – Inglaterra/EUA, exibida nos EUA pela Showtime e no Brasil pela HBO2. 

 

Curiosidade

 

Penny Dreadful é o nome dado a revistas em quadrinhos de terror feitas com o papel mais barato possível (pulp). Um penny, é a unidade de valor equivalente a centavos britânicos, que era o preço da publicação. Era chamado de dreadful devido ao conteúdo assustador.

19/01/2015 14:02

 

Singelo, dramático, belo… são vários os adjetivos que podem definir Rectify, série criada por Ray McKinnon, exibida pela Sundance TV e pela Sky no Brasil, conta de uma maneira tocante o drama de Daniel Holden, um prisioneiro recém-libertado do corredor da morte onde passou quase 20 anos preso pelo suposto assassinato de sua namorada em uma pequena cidade no estado da Georgia, sul dos EUA. Na primeira temporada, cada um dos oito episódios da série retrata um dia de Daniel fora da prisão, a difícil readaptação, a solidão e todos os problemas de conviver em uma pequena comunidade que se acostumou a vê-lo como culpado de estupro e assassinato. Mas será mesmo que Holden é inocente? Esse é um dos segredos do sucesso de Rectify. Assim como outros moradores da cidade, a audiência fica em dúvida se ele realmente assassinou a moça. Os detalhes do que realmente ocorreu vão sendo revelados pouco a pouco em cada episódio.

 

Não espere muita ação – não é essa a “pegada" da série, que se concentra no drama familiar e em reflexões filosóficas e poéticas do que é a vida, muita disso visto por meio de flashbacks de Holden no corredor da morte.

 

A série é triste, porém nos faz refletir o modo como encaramos a vida, as experiências que temos e as oportunidades que perdemos, certezas e incertezas sobre nós mesmos e sobre os outros. Não, Rectify não é um drama de fácil digestão, é multifacetado e interessante. Enfim, se pudesse definir Rectify em um único diálogo, ele pode ser visto na 2a. temporada, aos cerca de vinte minutos do 5o. episódio, quando Daniel está conversando a sós com sua mãe e pergunta por que ela nunca mais usou a bicicleta? “Não acho que devemos contar histórias tristes. A vida é muito curta”, diz Janet, “É exatamente por isso que devemos contar.”, responde Daniel. Isso é Rectify. Roteiro é tudo!

 

 
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